A técnica
também auxilia o tratamento de depressão, síndrome do pânico, transtorno de
ansiedade, distúrbios do sono e a superar os lutos
Créditos à Revista Viva Saúde - por Samantha Cerquetani
Créditos à Revista Viva Saúde - por Samantha Cerquetani
Em 1984, Rosana Leite sofreu um acidente de carro e
rompeu os tendões da mão direita, e não dirigiu à noite por mais de 15 anos. Já
Silvia Guz lesionou o tendão do cotovelo na mesma circunstância, quase perdeu
os movimentos do braço e sentia dores constantes. Apesar dos tratamentos
convencionais, as lembranças e as dores de ambas não desapareciam. Mas, com a
técnica terapêutica Eye Movement Desensitization and Reprocessing
(Dessensibilização e Reprocessamento por meio dos Movimentos Oculares - EMDR),
elas conseguiram superar seus traumas num tempo mínimo.
Criada na década de 1980 pela psicóloga americana
Francine Shapiro, a prática foi desenvolvida para pessoas com transtorno de
estresse pós-traumático. Hoje ela também auxilia o tratamento de doenças como
depressão, síndrome do pânico, transtorno de ansiedade etc. De acordo com a
psicóloga e representante do EMDR no Brasil, Esly Regina Souza de Carvalho, a
terapia permite o reprocessamento neurológico de lembranças difíceis e
dolorosas. E isso é possível por meio da integração do conteúdo neuronal em
diferentes hemisférios cerebrais. "Com o EMDR criamos uma situação onde o
próprio cérebro encontra um caminho de autorregulação. Por isso, é muito mais
rápido que as terapias tradicionais", explica a especialista. Casos
complexos que envolvam medo, dor ou insegurança podem logo desaparecer.
Diferentemente das terapias tradicionais, onde a
palavra é necessária para o relato dos fatos traumáticos, a técnica permite que
os pacientes reprocessem em silêncio os acontecimentos que lhes causam vergonha
ou humilhação. Mas atenção: procure um especialista devidamente habilitado para
não agravar o problema. Segundo a terapeuta Sílvia Malamud, do Instituto Sedes
Sapientiae, para aplicar o EMDR, o profissional precisa ter conhecimento,
prática e responsabilidade. "Durante o tratamento, inúmeras lembranças e
situações inesperadas podem surgir, e somente um profissional capacitado terá
condições de lidar com determinadas demandas", diz. Crianças podem se
beneficiar da técnica, cujas únicas contraindicações são os quadros psicóticos
agudos (esquizofrenia), e mulheres grávidas. Para Sílvia, "o EMDR funciona
como uma terapia cerebral, pois o indivíduo acaba refazendo conexões cerebrais,
trabalhando novas sinapses"
As informações são processadas pelo cérebro
enquanto dormimos. Quem passa por uma situação traumática prejudica esse
processo e permite que surjam pensamentos disfuncionais. O EMDR reorganiza os
componentes causadores das memórias negativas e permite a cura dos traumas.
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CINCO RAZÕES PARA CONHECER O EMDR
1. A terapia estimula o
autoconhecimento, mudança do estilo de vida, além de auxiliar na superação de
traumas.
2. Promove a liberação de padrões repetitivos (violência, raiva, timidez excessiva e medo).
3. É indicado para pânicos em geral, ansiedades e fobias.
4. Distúrbios do sono em geral apresentam melhora, pois a técnica trata as lembranças ruins que impedem o sono reparador.
5. Os lutos (morte, divórcio, mudança de vida) são vividos de uma forma mais saudável.
2. Promove a liberação de padrões repetitivos (violência, raiva, timidez excessiva e medo).
3. É indicado para pânicos em geral, ansiedades e fobias.
4. Distúrbios do sono em geral apresentam melhora, pois a técnica trata as lembranças ruins que impedem o sono reparador.
5. Os lutos (morte, divórcio, mudança de vida) são vividos de uma forma mais saudável.
COMO FUNCIONA AS SESSÕES:
Elas podem ser mensais ou semanais (duração de 50
minutos até 2 horas). Após o relato do paciente, o terapeuta avalia o caso e o
grau da perturbação (de 0 a 10). Essa escala permitirá a análise da evolução do
tratamento, até o desaparecimento dos sintomas. Segue-se a estimulação
bilateral, método que promove o "diálogo" entre as lembranças
traumáticas, os hemisférios cerebrais e a "metabolização"
(reprocessamento) do trauma, por meio de exercícios oculares. Paulatinamente,
haverá o distanciamento da perturbação, pois o EMDR reproduz o movimento rápido
ocular (REM), que ocorre durante o sono. Ao dormirmos, reprocessamos
naturalmente as experiências diárias. A técnica recria esse sistema e estimula
o paciente a se recordar dos fatos difíceis enquanto move os olhos. O cérebro
se encarrega de reprocessá-los espontaneamente. A alta terapêutica dependerá de
como cada paciente reagirá ao tratamento.